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Ações defensivas ganham valor em cenários de incerteza

Ações defensivas ganham valor em cenários de incerteza

18/06/2025 - 19:40
Yago Dias
Ações defensivas ganham valor em cenários de incerteza

Em momentos de instabilidade global, encontrar refúgio em investimentos que ofereçam proteção e resultados consistentes torna-se fundamental. As ações defensivas emergem como uma alternativa sólida para preservar capital e, em muitos casos, capturar ganhos mesmo quando o mercado amplia suas oscilações.

Este artigo mergulha no universo dos papéis defensivos, explicando o conceito, exibindo exemplos práticos no Brasil e apresentando estratégias que permitem aos investidores navegar em águas turbulentas com mais segurança.

Entendendo o conceito de ações defensivas

As ações defensivas são emitidas por empresas que operam em setores considerados essenciais ao funcionamento da economia e ao bem-estar da população. Esses setores incluem energia elétrica, saneamento, telecomunicações, infraestrutura, alimentos e bebidas, entre outros. A característica comum é a receita previsível e robusta, que proporciona maior resistência a crises.

Empresas defensivas costumam apresentar um beta inferior a 1, ou seja, oscilam menos que a média do mercado. Além disso, são altamente valorizadas pelo alto pagamento de dividendos, atraindo investidores que buscam renda estável em qualquer cenário econômico.

  • Setores de energia e saneamento
  • Alimentos e bebidas
  • Telecomunicações e infraestrutura
  • Farmacêuticas e serviços de saúde
  • Seguradoras e serviços essenciais

Por que buscar proteção em momentos instáveis

Crises econômicas, guerras comerciais, elevações de juros e instabilidade política geram forte volatilidade nos mercados. Nesse contexto, muitos investidores migram das ações cíclicas ou de crescimento para papéis defensivos, visando reduzir riscos e conservar recursos.

Os principais motivos para essa migração incluem a capacidade de manutenção de fluxo de caixa, a menor sensibilidade a choques externos e a consistência na distribuição de dividendos. Mesmo quando o Ibovespa registra quedas, a carteira defensiva tende a apresentar desempenho relativo superior.

  • Consumo menos afetado por crises
  • Fluxo de caixa estável e previsível
  • Retornos consistentes através de dividendos
  • Baixa correlação com ativos de maior risco

Cenário brasileiro: juros altos e dólar elevado

Em 2024 e 2025, o Brasil viveu um ambiente de juros nominais elevados, com a Selic sendo mantida em patamares que freiam o crescimento econômico. Paralelamente, o dólar estabilizado em níveis elevados valorizou empresas com receitas em moeda estrangeira, como as exportadoras de papel e celulose e proteína animal.

Essa combinação favoreceu, de forma ainda mais acentuada, as empresas defensivas que possuem alavancagem baixa e atuação essencial ao consumo doméstico. A estabilidade proporcionada por esses papéis tornou-se um refúgio para investidores cautelosos.

Exemplos de carteiras defensivas em 2025

Grandes casas de investimento revisaram suas recomendações para incluir mais papéis defensivos. Em março de 2025, saídas como BBDC4 e ITUB4 deram lugar a SUZB3, JBSS3 e ABEV3, reforçando o perfil de segurança e geração de caixa.

Já em junho, a substituição de uma ação cíclica por Klabin evidenciou a preferência por nomes com perfil defensivo e valuation atraente. Essas mudanças nas composições refletem o reconhecimento de que proteção e retorno podem caminhar lado a lado.

  • SUZB3: proteína animal e exportação
  • JBSS3: estabilidade em consumo básico
  • KLBN4: receitas em dólar e papel
  • BBSE3: seguradora com forte caixa

Potenciais oportunidades futuras

O mundo passa por transformações aceleradas, abrindo espaço para novos setores defensivos. O agronegócio sustentável, a bioeconomia, a transição energética e soluções de tecnologia verde são tendências com alto potencial de resiliência e crescimento no longo prazo.

Investir cedo nessas áreas pode proporcionar vantagem competitiva e retorno ajustado ao risco. A diversificação entre setores tradicionais e emergentes é uma forma prática de montar uma carteira verdadeiramente preparada para o futuro.

  • Agronegócio sustentável e biotecnologia
  • Produção de energia renovável
  • Soluções de tratamento e reúso de água
  • Tecnologia verde e gestão ambiental

Estratégias práticas para investidores

Para quem deseja começar a incluir ações defensivas na carteira, considere os seguintes passos:

  • Avaliar os balanços e o perfil de dívida das empresas
  • Conferir o histórico de distribuição de dividendos
  • Observar o beta e a correlação com o índice
  • Monitorar mudanças macroeconômicas que afetam juros e câmbio

Uma abordagem recomendada é usar valores fixos ou percentuais predefinidos para rebalancear a carteira periodicamente, garantindo exposição adequada aos papéis defensivos mesmo nos ciclos de alta do mercado.

Conclusão

Em cenários de incerteza, as ações defensivas se destacam como pilares de estabilidade e geração de valor. Entender a dinâmica desses papéis e incorporá-los de forma equilibrada na carteira oferece aos investidores uma combinação eficiente entre preservação de capital e potencial de retorno.

Com a visão correta e análise cuidadosa, é possível não apenas mitigar riscos, mas também aproveitar oportunidades que surgem justamente quando o mercado mais precisa de resiliência. Invista com estratégia, mantenha disciplina e observe como ações defensivas podem se tornar aliadas poderosas na construção de um futuro financeiro mais seguro.

Yago Dias

Sobre o Autor: Yago Dias

Yago Dias